quarta-feira, 5 de agosto de 2020

O xis da quetão




Eu estava triste no meu canto … pensativo sobre as notícias … mortes, tristezas, ansiedades e etc.

Ela veio na minha direção com uma folha de papel branco. Pegou o lápis e marcou o centro da folha com um xis e me perguntou:

– O que você tá vendo?

– Um xis eu respondi apressadamente.

Ela pergunta:

– Só isso?

Eu olhei mais atentamente para a folha procurando descobrir algo que eu não tivesse visto. Olhos arregalados vasculhando o papel …

– Só … só um xis mesmo.

– Você está errado, não é somente um xis!

– Como assim? Pergunto indignado!

– É um grande espaço em branco e um pequeno xis no meio.

Na grande maioria das vezes nos esquecemos de prestar atenção a todas as coisas em nosso redor. Não paramos para olhar o contexto. Não conseguimos ver as qualidades, só os defeitos. Deixamos de enxergar as pequenas bençãos e, muitas vezes, até mesmo as grandes maravilhas, por estarmos mergulhados na tristeza e nas preocupações.

Nossos olhos se fixam quase que imediatamente nas tristezas, nos defeitos, no pequeno xis no meio da brancura da folha, mesmo havendo tanto branco em volta dele.

A reflexão que ficou para mim dessa conversa foi: olhe para o quadro geral e não apenas para o pequeno xis no meio da página.

Comece a enxergar as flores, e não somente os espinhos.

Isso me lembra uma antiga canção que diz"

"Conta as bênçãos, dize-as quantas são,

Recebidas da divina mão!

Vem dizê-las, todas de uma vez,

E verás, surpreso, quanto Deus já fez!"

Encontrei consolo e alegria em perceber que existia muito mais que minha, então, triste alma, conseguia ver.

Percebi que o xis da questão era outro.

Rev. Geversom Sousa


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